sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A Verdade Acima da Unidade

Publico o seguinte texto que li no blog do Josemar Bessa ( http://josemarbessa.blogspot.com ).
Deve nos fazer refletir, e bastante. Até que ponto comprometeremos a verdade em favor da (pretensa) união? Será que talvez não estejamos tentando evitar o inevitável?
Que Deus nos ajude a sermos fiéis e sábios ao nos perguntarmos essas questões. Só Ele poderá nos fornecer a resposta certa. Que sejamos corajosos para sustentar aquilo que Deus colocar em nosso coração, rejeitando qualquer forma de comodismo.

A VERDADE ACIMA DA UNIDADE
Martinho Lutero

Esse tesouro é tão valioso que nenhum coração humano é capaz de compreendê-lo (razão por que também requer uma luta maior e mais intensa), e não se deve menosprezá-lo, como o mundo e algumas pessoas insensatas fazem: "Porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade". (2Co 13.8).
Dizem assim: A gente não deve brigar tanto por causa de um artigo de fé, etc., e, por causa disso, dividir a cristandade, pecando contra o amor. Ao contrário, dizem eles mesmos que a gente erra num pequeno ponto, mas concorde no restante, bem que se pode amolecer e fechar um olho, visando preservar a união ou unidade cristã e fraterna.
Não, meu caro amigo, não me venha com conselhos sobre paz e unidade que resultem em perda da palavra de Deus. Pois, com isso, perder-se-ia também a vida eterna e tudo mais. Aqui não se pode amolecer e rejeitar as coisas a bem de você ou a de qualquer outra pessoa. Pelo contrário, todos, amigos ou inimigos, devem dar lugar à palavra. Pois a palavra não nos foi dada para promover paz e unidade exterior ou terrena, mas para conduzir à vida eterna.
A unidade ou comunhão cristã deve ser fruto das palavra ou da doutrina. Onde houver acordo e unidade na palavra ou na doutrina, o resto virá automaticamente. Se não houver concórdia na palavra ou na doutrina, nenhuma unidade será duradoura.
Por isso, não me venha com essa história de amor ou amizade quando se pretende passar por cima da palavra e da fé. Pois está escrito que a palavra, e não o amor, nos traz a vida eterna, a graça de Deus e todos os tesouros do céu. (2Co 13.5-10).

P.S.: Acabei encontrando este vídeo que também toca neste assunto. Fiquei muito feliz porque ele é bem bíblico e nos alerta para algo em que, julgo eu, as igrejas contemporâneas mais têm falhado. Não é surpresa ver o estado do evangelicalismo mundial e brasileiro. Infelizmente, o vídeo está só em inglês, sem legendas.


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Não Desperdice seu Púlpito

"A melhor maneira de desperdiçar seu púlpito é pregar seus próprios pensamentos, em vez de pregar os de Deus."

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Cuidado boquinha o que fala (Músicas "Infantis", Parte I)

Há uma música cantada por crianças, em colégios evangélicos ou nas Escolas Bíblicas das Igrejas que diz assim:

“Cuidado boquinha o que fala
Cuidado boquinha o que fala
O Salvador do céu está olhando pra você
Cuidado boquinha o que fala

Cuidado mãozinha no que pega
Cuidado mãozinha no que pega
O Salvador do céu está olhando pra você
Cuidado mãozinha no que pega (...)”

E assim segue, falando, ainda, “cuidado pezinho onde pisa” e “cuidado olhinho o que vê”.
Li certa vez que tal canção havia sido banida – sim, banida -, porque não possuiria “uma boa fundamentação pedagógica, pois vendia a idéia de um Deus repressor que está nos vigiando o tempo todo, sempre pronto para nos punir.”. (http://www.comunidadego.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=49&Itemid=1)
Confesso que tal afirmação chamou minha atenção – e não num bom sentido. Explico (ressaltando que a minha crítica não é ao autor da frase acima, mas ao que ela representa.).
Em primeiro lugar, Deus está nos vigiando, olhando atentamente para nós, o tempo todo. Provérbios 15.3 é especialmente enfático a esse respeito, quando diz que “Os olhos do SENHOR estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons.” (cf. Pv 5.21, Is 40.27, Sl 139.1-16, Jó 34.21, Hb 4.13, etc.). Assim, a afirmação de que “o Salvador do céu está olhando pra você” é bíblica. Deus nos vê, o dia todo, todos os dias. Deste modo, o aviso que a música traz, “cuidado”, é especialmente bem-vindo. Às vezes nos esquecemos de que Deus tudo vê. Na verdade, até sabemos que Deus tudo vê, mas não nos lembramos que o Deus que é Santo, Santo, Santo (Is 6.3, Ap 4.8) é quem tudo vê. E que, muito embora nos ame, odeia nosso pecado. Portanto, devemos nos portar de maneira condigna com a vida para a qual fomos chamados (Ef 4.1), e não (só) por medo, mas (também) porque, tendo sido regenerados, trilhamos outro caminho, possuindo Cristo como alvo. Demais disso, Deus nos ordenou que sejamos santos, porque Ele é santo (Lv 11.44, 19.2, 20.7, Cl 1.12, I Pe 1.15-16).
Além disso, Deus também pune. Ele é um justo juiz (Sl 7.11). Mais precisamente, Ele é o justo juiz (Sl 75.7). Deus pune as ações do homem incrédulo, como fez no dilúvio e em Sodoma e Gomorra. E, conquanto perdoe os pecados daqueles que se arrependem, disto não decorre o desaparecimento das conseqüências do pecado, como, p.ex., a proibição feita a Moisés de entrar na terra prometida. Deus está sempre pronto a perdoar. Mas, como a justiça é essência de Seu próprio caráter, Ele pune o pecado.
Por fim, Deus também reprime. A idéia inserta em “reprimir” é, creio, proibir. Assim Deus nada proibiria, não sendo “repressor”. Tal idéia é, também, incorreta. As Sagradas Escrituras são chamadas diversas vezes, em seu próprio texto, de lei (Dt 17.19, Sl. 1.2, Jo 15.5, dentre inúmeras outras passagens). A Bíblia, portanto, não revela uma opinião de Deus, que pode ou não ser observada, mas a vontade dEle, que deve ser cumprida. O Senhor não entregou a Moisés dez sugestões, mas dez mandamentos. É bem verdade que o só fato de a lei existir não implica no seu cumprimento pelos sujeitos que devem obedecê-la (a norma prevê um dever, não um ser). Mas isto não a descaracteriza como sendo obrigatória.
Deus está sempre com os olhos sobre nós, vendo cada passo, cada gesto, cada palavra, cada pensamento não pronunciado. Este fato, muito embora possa gerar medo e vergonha, é também razão de consolo. J. I. Packer disse que “Há um conforto indescritível – o tipo de conforto que nos estimula, seja dito, e não debilita – em saber que Deus está constantemente atento a mim com amor, e velando por mim para meu benefício.” (PACKER, J. I. O conhecimento de Deus. Traduzido por Cleide Wolf. São Paulo: Mundo Cristão, 1996, p. 50.) No Salmo 139, após o autor afirmar categoricamente que nunca estará longe do Senhor, de modo algum reputa isto por algo ruim. Muito ao contrário. Nos versos finais ele manifesta o desejo de que Deus o conheça, o sonde: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.”
O Salvador do céu está olhando para nós. Louvores a Ele por isto.


Caio